Bola de fogo no céu do DF era lixo espacial e não meteoro

Fenômeno que surpreendeu moradores do Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia e Goiás foi identificado como parte do foguete Falcon 9 da SpaceX.

No céu do Distrito Federal, um espetáculo luminoso chamou atenção de moradores na noite de 14 de maio. Vídeos viralizaram nas redes sociais mostrando uma intensa “bola de fogo” cortando os céus e despertando especulações sobre um possível meteoro. Mas o que parecia ser um fenômeno astronômico raro foi, na verdade, a reentrada de lixo espacial. Segundo a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), o objeto incandescente era uma parte do foguete Falcon 9, lançado pela SpaceX em 2014. O caso reacendeu o debate sobre o lixo espacial e suas consequências visíveis aqui na Terra.

O que realmente foi visto no céu?

Moradores do Distrito Federal, além de regiões de Minas Gerais, Bahia e Goiás, relataram ter visto um clarão cortando o céu no início da noite. Muitos acreditaram se tratar de um meteoro, conhecido popularmente como “estrela cadente”. Porém, após análises de especialistas da Bramon, foi confirmado que o objeto era um estágio do foguete Falcon 9 da empresa SpaceX, lançado há quase 11 anos.

A peça observada se tratava de um dos estágios do foguete, uma parte que se separa após o lançamento e que permaneceu em órbita como lixo espacial por mais de uma década. Com o tempo, esse objeto foi perdendo altitude até reentrar na atmosfera terrestre, gerando o brilho intenso que chamou a atenção de tantas pessoas.

Falcon 9: missão e reentrada

O Falcon 9 foi lançado em 5 de agosto de 2014, como parte da missão que colocou em órbita o satélite AsiaSat 8, voltado para comunicações na região Ásia-Pacífico. Após cumprir sua missão, o segundo estágio do foguete permaneceu vagando em órbita.

Conforme explicou a Bramon, esse estágio foi identificado como o objeto NORAD 40108. Ele percorreu cerca de 1.500 km em apenas quatro minutos durante a reentrada, atingindo velocidades entre 6 e 7 km por segundo. A intensa luz e os fragmentos observados se explicam pelo atrito com a atmosfera, que aquece o objeto até ele entrar em combustão.

Especialistas descartam meteoro

Astrônomos como Renato Las Casas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reforçaram que o fenômeno não foi um meteoro. Segundo ele, a velocidade relativamente baixa do objeto permite descartar essa hipótese, já que meteoros, por virem de fora da órbita terrestre, costumam entrar na atmosfera com velocidades muito maiores.

A reentrada de lixo espacial, por outro lado, é mais lenta e pode gerar o mesmo tipo de espetáculo visual. “Pode ser desde um satélite desativado até ferramentas perdidas por astronautas. Neste caso, tratava-se de uma peça de grandes proporções, possivelmente o corpo principal de um foguete”, destacou o especialista.

Fenômeno visível em vários estados

Não foi apenas o DF que presenciou o fenômeno. Moradores de várias cidades de Minas Gerais, como Belo Horizonte, Uberlândia e Ipatinga, além de municípios na Bahia e Goiás, também relataram o clarão nos céus por volta das 18h30.

Nas redes sociais, internautas comentaram a surpresa ao verem o que pensavam ser um cometa ou estrela cadente. Alguns ficaram tão impressionados que esqueceram de registrar o momento. A viralização dos vídeos reforçou o impacto visual do evento.

Lixo espacial: um problema crescente

A reentrada desse pedaço do Falcon 9 levanta novamente a discussão sobre o lixo espacial. Com o número crescente de lançamentos por agências espaciais e empresas privadas, como a própria SpaceX, a quantidade de detritos orbitando o planeta tem aumentado significativamente.

Embora muitos desses objetos acabem se desintegrando ao reentrar na atmosfera, outros podem representar riscos maiores — inclusive colidir com satélites ativos ou, em raras ocasiões, atingir o solo.

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